Mensageiros da Verdade em tempos de Fake News
06/05/2020 às 19:39.
Uma das características de nosso tempo é o livre acesso à informação. É um direito fundamental do ser humano. Assim como é um direito a liberdade de cada pessoa. Para um cristão católico a liberdade unida ao acesso à informação tem um fim: estar à serviço da verdade. A verdade não é um partido político, uma ideologia, um sistema filosófico ou econômico. É uma pessoa: Jesus Cristo. Ele tem uma mensagem: o Evangelho.
O Papa Paulo VI já anunciava que “a fumaça de Satanás entrou pelas frestras da Igreja.” Em tempos de Fake News a fumaça parece aumentar e nos leva a perceber que os inimigos da Igreja estão dentro, não fora, como antigamente se pensava. É trabalho do diabo (dia-bolos, aquele que divide) espalhar, compartilhar, encaminhar notícias falsas. Alguns inimigos da Igreja desempenham este papel por pura maldade, outros por ingenuidade, outros “porque não tem raiz em si mesmo” (Mt 13, 21). Os falsos profetas, ou “profetas da desgraça”, no dizer de São João XXIII, até se apresentam como mestres da moral e da doutrina, mas logo se percebe que, nas entrelinhas ou até explicitamente, observam a Igreja com os óculos de suas ideologias políticas ou com uma concepção eclesial extremamente frágil e desequilibrada. Não tardam em atacar o Papa Francisco, contrapô-lo aos antecessores ou até mesmo afirmar que se trata de um “comunista infiltrado”, um impostor, anti-papa...e assim segue uma ladainha interminável de impropérios contra o legítimo e único Sucessor de Pedro.
Jesus já dizia que quem não recolhe com ele, dispersa (Lc 11, 23). Chega a escandalizar católicos que, teologicamente, se alimentam da mesma Eucaristia, mesma Palavra, mesma fé que nós, mas com um discurso inflamado contra Pedro, o Papa Francisco, bem como contra suas reformas, que em nada afetam a fé única e inabalável da Igreja. Há uma campanha enorme para desmoralizar o pontificado e a pessoa do Papa Francisco, inclusive ideológica e políticamente. Recorre-se a todos os meios: apela-se à visões, aparições marianas, profecias, teorias da conspiração, utiliza-se dos meios de comunicação, mensagens de WhatsApp, vídeos no YouTube e Facebook...trabalham para aquele que é especialista em dividir. O que incomoda do Papa Francisco nestes grupos da Igreja que o criticam? Seus gestos, sua misericórdia, sua simplicidade, sua proximidade para com as pessoas.
Grande parte de nós tem acesso à informação. Todos querem opinar, mesmo que nossas análises, na sua maioria, sejam carentes e inconsistentes, porque a realidade é complexa. No entanto, uma informação que não está a serviço da verdade cria caos, semeia discórdia, é irresponsável. O Papa Francisco na sua 52º Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, em 2018, precisamente sobre o tema das Fake News, assim se expressava sobre as consequências da divulgação de notícias falsas: “O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.” A virtude cardeal da Prudência, mais do que nunca, é atual e necessária. Prudência ao buscar informações, em sites, revistas, jornais; Prudência ao ler; Prudência ao compartilhar e divulgar informações.
Cabe a nós um exame de consciência sobre nossa atuação cristã num cenário eclesial como este, bem como social. Quantas notícias falsas sobre o Corona Vírus! A quem seguimos? A serviço de quem está a nossa liberdade e nosso celular? De youtubers com suas opiniões que respingam ideologias ou da verdade de Cristo que fala pela sua Igreja e pelo seu representante, o Papa Francisco? Somos colaboradores da verdade e da esperança ou semeamos a mentira, a calúnia? Somos missionários da boa notícia ou das Fake News?
Pe. Lucivan Francieski